Recentemente, uma menina de cinco anos e um adolescente de 13 foram submetidos à cirurgias pulmonares através de plataforma robótica, em Campos dos Goytacazes. O procedimento contou com a tecnologia disponível no Hospital Dr.Beda, sob a orientação do cirurgião torácico Ivan de Azevedo. Tratam-se de dois procedimentos considerados inéditos e pioneiros na cidade e no estado do Rio de Janeiro. Os resultados foram considerados mais que satisfatórios. Os dois pacientes estão em casa e passam bem.
“A gente fica feliz por desenvolver isso na instituição com tecnologia de ponta. A cirurgia torácica pediátrica é uma área muito restrita. Quando se fala de cirurgia minimamente invasiva, é uma área mais restrita ainda, porque o tórax da criança tem um volume pequeno. O instrumental dificilmente cabe dentro do tórax. Geralmente, as cirurgias torácicas pediátricas são feitas de forma convencional, de forma aberta”, explica Ivan Azevedo.
Os dois casos de cirurgia torácica pediátrica envolveram tratamento de doença pulmonares através de ressecções pulmonares maiores, chamadas de lobectomias, quando se tira uma parte de um pulmão. De acordo com o cirurgião, na criança há duas entidades principais que demandam esse tipo de tratamento cirúrgico: as doenças inflamatórias e infecciosas e as malformações pulmonárias genéticas.
“Pontualmente, nesses dois casos a gente tratou de síndromes inflamatórias e infecciosas. O primeiro é de uma paciente de 5 anos de idade, bem pequena, onde fizemos uma lobectomia média(retirada do lobo médio) para tratamento de uma síndrome do lobo médio, uma síndrome inflamatória e infecciosa. O lobo médio é acometido por diversas infecções repetidas, e acaba perdendo sua estrutura anatômica e sua função. Para eliminar esse curso de infecções repetidas, a gente remove o lobo médio. Normalmente, faria isso de forma convencional, uma toracotomia, de forma aberta. Já que tínhamos o serviço de cirurgia torácica robótica implantado aqui, oferecemos o melhor tratamento, o melhor resultado, a melhor dissecção, o maior conforto para o paciente e o menor tempo de internação”. O cirurgião Ivan Azevedo complementa:
“O segundo paciente foi um adolescente de 13 anos, ou uma criança pouco maior, também com uma síndrome pós-infecciosa de lobo inferior ao direito com múltiplas internações hospitalares para tratamento de infecções repetidas nesse mesmo lobo, que culminou também na destruição dessa área do pulmão. Foi abordado da mesma forma, pela plataforma robótica. Com certeza, foram as primeiras cirurgias torácicas pediátricas robóticas realizadas na história da cidade. Não conheço nenhum cirurgião do Rio de Janeiro que tenha desenvolvido esse tipo de cirurgia em clientela pediátrica”.
Tecnologia avançada
O cirurgião torácico Ivan Azevedo diz que na cirurgia robótica tudo começa com a estratégia de abordagem das incisões.
“Na forma convencional, se faz o acesso à cavidade torácica por uma incisão chamada toracotomia, de mais ou menos 15 centímetros, por onde se utilizam afastadores nas costelas para ter acesso à cavidade torácica. Através da técnica robótica, por pequenas incisões de 8 milímetros, se consegue entrar na cavidade com as pinças e a câmera acoplados aos braços robóticos. Esses braços são controladas pelo cirurgião através de um console onde vai comandar os movimentos do robô. A vantagem começa pelo tamanho da incisão. Fica fácil de entender que uma dói muito mais do que a outra. Na convencional, o tempo de internação é muito mais prolongado, com maior uso de opioides, analgésicos; maior chance de infecção pulmonar por dor; mau funcionamento no pós-operatório do pulmão; o que a gente quase elimina isso com formas minimamente invasivas, especialmente na plataforma robótica”.
A cirurgia torácica é dedicada às cirurgias de todo aparelho respiratório, envolvendo traqueia, parede torácica, brônquios, pulmões e cavidades pleurais, que são os espaços onde se acomodam os pulmões dentro do tórax, e diafragma. Em todas as patologias que estão nessas regiões, o cirurgião torácico trata, com a exceção do coração. Ivan Azevedo comemora o estado de saúde dos dois pacientes operados por ele com auxílio do robô. “Ambos estão curados da doença de base, que era proposta nossa. Ambos já estão em casa, exercendo plenamente suas atividades”, conclui.
